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Carolina Virgüez está em Portugal para a antestreia do filme “Casa Flutuante” onde interpreta a personagem principal – Araci – uma indígena Ticuna que emigra para o Alentejo com o marido para dar um futuro melhor à sua neta.
Um filme de José Nascimento com argumento de Ana Pissarra e José Nascimento.
À conversa com Carolina Virgüez, percebemos o amor e entrega total pela atuação. Começou aos 12 anos de idade, e até hoje não parou. É Professora na Faculdade Cesgranrio de Teatro e ministra cursos de atuação na ESAD, Escola Sesc de Artes Dramáticas no Rio de Janero. Também é tradutora de peças de teatro.
FB- Como é estar novamente em Portugal?
“Esta é a terceira vez que estou em Portugal, a primeira vez que cá estive foi em 2017 na cidade do Porto, para o FITEI- Festival Internacional de Teatro com a peça Caranguejo Overdrive de Aquela Cia de Teatro”.
“Em 2018 fui convidada a participar no filme Casa Flutuante”.
Carolina Virgüez ficou sempre com desejo de trabalhar mais vezes em Portugal, mas não surgiu de imediato. Em 2017 fez o filme Veneza, de Miguel Falabella com Carmen Maura onde conheceu um produtor que a indicou para o filme Casa Flutuante.
“Apaixonei-me completamente pelo país! Estive um pouco por todo lado”.
Em 2018 Carolina Virgüez começou a rodar o filme Casa Flutuante que teria estreia em 2020, que com a pandemia só estreou na quarta-feira passado dia 2 Março. Com este imprevisto, a atriz ficou com um sentido de vazio pelo o facto terem feito algo de tão importante, interessante, bonito e delicado, e ver a sua estreia a ser adiada.
Mal chegou a Portugal Carolina Virgüez foi diretamente para Mértola, no Alentejo.
Todo o ambiente foi propicio para a criação do personagem Araci. Tanto o diretor José Nascimento como a diretora de arte Ana Pissarra (Responsável pelo guião junto ao realizador), deram a segurança e liberdade para construir o personagem, citou Carolina Virgüez.
“Fiquei muito feliz pelo convite e apaixonei-me pela personagem. É um filme muito importante para o momento em que vivemos e também para refletir sobre questões urgentes para o planeta.”
FB- O que a apaixonou mais na personagem?
“Araci é arrancada da sua terra após um massacre no qual sua filha é assassinada. Ao chegar ao novo território começa a sentir falta da sua terra, e da sua cultura. Esse vazio, falta de pertencimento faz com ela comece a criar seu próprio mundo numa tentativa de preservar suas raízes, de deixar um legado para a neta (interpretada pela Melissa Matos e Inês Pires Tavares). Esta e outras questões abordadas no filme fizeram com que me apaixonasse pelo roteiro e pelo personagem”.
FB- Qual o ponto importante no filme?
“Uma das questões mais importantes e que merece atenção é perceber o “grito” de emergência vindo da floresta não ecoa somente das comunidades indígenas mas em todo o planeta que está a ser ameaçado. É uma responsabilidade de todos.
O filme fala da preservação do meio ambiente e da memória, da importância da demarcação das terras indígenas, e dos direitos dos povos originários. Eles são os guardiões da floresta que está a ser devastada trazendo consequências gravíssimas para o equilíbrio do ecossistema.
Milhões de árvores estão a ser derrubadas e as terras sendo queimadas ocasionando vários desastres para o planeta: enchente, secas, mudanças climáticas entre tantas… uma tragédia. O filme trás esse momento de reflexão”.
“E gratificante poder dar aulas a jovens atores e compartilhar experiências, é uma aprendizado mutua!”
FB- Além de atriz é professora e tradutora. Como consegue lidar com tudo?
“O tempo, é difícil enquadrar tudo! O mais importante para mim é trabalhar dentro a área. Esse é o meu guia sou atriz desde os 12 anos, nasci para atuar. Sou apaixonada pelo teatro, o teatro é a minha casa! Com o decorrer do tempo tive interesse em estudar tradução de teatro e cinema”.
Com esta mais valia Carolina Virgüez faz uma ponte culturais entre o teatro Brasileiro e o teatro dos outros países da América Latina. Além da tradução, Carolina tem interesse no intercambio com os países irmãos.
Como docente, começou por dar aulas na escola mais antiga da América Latina, a Escola Martins Penna por 4 anos. Tem o Mestrado em Estudos Contemporâneos das Artes pela UFF e com isto abriu possibilidades de dar aulas na Faculdade Cesgranrio de Teatro.
“ São mais de 40 anos a estudar o que mais amo. Sou apaixonada pelo oficio”
FB- Como foi a experiência no Royal Shakespeare Company?
“Apresentamos a peça, Two Roses For Richard III, eu fazia a rainha Margarida.
Fiquei muito emocionada por estar em Stratford-Upon-Avon, na cidade de Shakespeare, atuar numa peça escrita pelo mesmo. Foi sem dúvida uma das experiências mais marcantes na minha carreira!”.
FB- Qual a experiência mais marcante na sua carreira?
“Ser atriz é uma construção diária. Todos os trabalhos foram experiências importantes, Acho que a partir do momento que comecei a produzir os meus projetos houve um salto importante: falar sobre temas que considero fundamentais, um trabalho mais autoral. Tenho um carinho especial pela peça Caranguejo Overdrive.
Quem sabe um dia nos apresentamos em Lisboa? Das experiências internacionais posso dizer que foi muito importante trabalhar na Royal Shakespeare Company, no filme Saga Crepúsculo (Amanhecer 1) e Casa Flutuante, que só tem me dado alegria. Um filme no qual tive liberdade para a criação e que fala de um tema urgente e necessário”.
Quero fazer peças e filmes aqui em Portugal. Fui muito bem acolhida, me senti bem e trabalhei com uma equipe fantástica.
“Robert Pattinson era mais conversador e Kristen Stewart mais reservada.”
FB- Como foi a experiência do cinema internacional?
Carolina Virgüez ficou mais conhecida com a participação em Amanhacer I “Amanhecer foi por convite. Fui chamada para um casting, mas não sabia para qual filme. Passou um mês ligaram-me dos Estados Unidos da América, a confirmar que tinha ficado com o papel. Logo depois, fui ao escritório da diretora de casting no Rio de Janeiro”.
Não pude contar nada a ninguém (nem para a minha mãe!), tive de assinar um contrato de “silêncio”. Na altura não estava familiarizada com a Saga.
Fiz um estudo aprofundado sobre os Ticuna. Como não tinha o roteiro (só recebi quando já estava nos Estados Unidos para filmar outra cena) tentei alimentar o meu imaginário para poder criar o personagem Kaure (personagem que interpreto no filme Amanhecer I”.
“Robert Pattinson queria falar em português.”
Na data marcada Carolina Virgüez foi para uma ilha no Brasil onde iriam decorrer as filmagens. Na altura havia uma necessidade de proteger o elenco porque os fãs queriam acompanhar tudo. Foi uma loucura! A Saga é campeã de bilheteira em todo o mundo, vendendo mais de 4 milhões de bilhetes só no primeiro filme.
FB- Qual o melhor conselho que já lhe deram?
“Um colega meu uma vez disse-me que enquanto atuamos o personagem vai florescendo como uma flor a abrir. O que quero dizer com isto é que quando entramos no palco, queremos entrar com tudo a 100%, dar tudo na primeira cena. Mas os personagens vão surgindo lentamente, como na vida.
FB- Qual o conselho que daria a jovens artistas?
“Entra com o que tens e não com o que não tens, entra com o que está contigo e com aquilo que te move e que se conecta com o personagem”.
CAROLINA VIRGÜEZ (Curiosidades e carreira)
Atriz, tradutora e professora. É Bacharel em Artes Cênicas pela Unirio e Mestre em Estudos Contemporâneos das Artes pela UFF. Em teatro recebeu os prêmios Molière, Mambembe, Shell, Questão de Crítica e APTR (os três últimos com Caranguejo Overdrive). Junto à Cia Bufo-Mecânica apresentou-se na Royal Shakespeare Company, com a peça “Two Roses for Richard”. Em cinema trabalhou em Hollywood com Bill Condon na Saga Crepúsculo. Entre seus mais recentes filmes estão “Veneza” dirigido Miguel Falabella e “Casa Flutuante”, produção portuguesa que estreou em março de 2022.
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